Cansado do zumbido constante? A ciência acende uma nova luz no fim do túnel.
Para milhões, o zumbido no ouvido – aquele som persistente de chiado, apito ou clique – é mais que um incômodo; é um intruso que rouba o silêncio, a concentração e a paz. É uma condição complexa, sem uma cura única, e os tratamentos atuais nem sempre trazem o alívio desejado.
Mas há notícias promissoras! Uma pesquisa inovadora, fruto da colaboração entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP no Brasil e o Tyndall National Institute na Irlanda, aponta para um caminho inovador: a terapia com laser.
A Descoberta que pode mudar o jogo
O estudo, que contou com a expertise de diversos pesquisadores brasileiros, incluindo a Fonoaudióloga Karina Souza, do Centro Integrado de Terapias de Londrina, investigou a aplicação do laser diretamente na orelha interna de voluntários.
Os resultados, publicados na renomada revista Journal of Personalized Medicine (edição de março de 2023), são empolgantes. A aplicação do laser demonstrou a capacidade de:
- Modular a inflamação nos tecidos da orelha interna.
- Aumento da proliferação celular, ATP (energia celular mitocondrial das células ciliadas da cóclea).
- Melhora da oxigenação, aumento da circulação periférica e fluxo sanguíneo para todo o sistema auditivo.
E o que isso significa? Essa ação combinada resultou na redução do zumbido nos pacientes participantes.
Por que o zumbido é tão difícil de tratar?
Entender a complexidade do zumbido é crucial. Ele não é uma doença em si, mas um sintoma com múltiplas causas possíveis, muitas delas ligadas a problemas no labirinto (a orelha interna). Alguns dos gatilhos conhecidos incluem:
- Insuficiência da circulação sanguínea (causada por embolia, hemorragia, etc.)
- Diabetes mellitus
- Hipertensão arterial
- Distúrbios musculares
- Disfunção da articulação temporomandibular (DTM)
Essa variedade de origens explica por que não existe um único tratamento que funcione para todos. As abordagens atuais geralmente buscam gerenciar o sintoma, como:
- Uso de medicamentos.
- Aparelhos que auxiliam no relaxamento muscular (especialmente em casos ligados à articulação da mandíbula).
No entanto, os resultados variam, deixando muitos pacientes em busca de alternativas mais eficazes.
Como a Terapia a Laser pode oferecer alívio?
A laserterapia atua através de um processo chamado Fotobiomodulação. Essencialmente, a luz do laser interage com as células, promovendo efeitos terapêuticos. No caso do zumbido, a pesquisa da USP/Tyndall sugere que o laser ajuda ao:
- Reduzir a inflamação: Um fator que pode irritar as estruturas do ouvido interno.
- Melhorar o fluxo sanguíneo: Garantindo que as células ciliadas recebam oxigênio e nutrientes essenciais para seu bom funcionamento e recuperação.
Essa abordagem foca em aspectos fisiológicos que podem estar diretamente ligados à geração do zumbido, oferecendo uma perspectiva de tratamento que vai além do simples mascaramento do som.
Um Estudo rigoroso para resultados confiáveis
É importante destacar que a pesquisa que embasa essas descobertas utilizou uma metodologia robusta: um estudo duplo-cego, clínico e randomizado controlado. Isso significa que nem os pacientes nem os pesquisadores (em certos momentos) sabiam quem estava recebendo o tratamento ativo (laser) e quem estava no grupo controle/placebo, aumentando a confiabilidade dos resultados. O estudo comparou o laser com outras terapias e avaliou a melhora usando escalas reconhecidas, como o THI.
A inclusão da Fonoaudióloga Karina Souza no projeto ressalta a relevância da colaboração entre diferentes áreas da saúde na busca por soluções completas para condições complexas como o zumbido.
Laserterapia: um complemento ou alternativa promissora
As conclusões do estudo indicam que a laserterapia tem grande potencial para ser um tratamento complementar ou alternativo para o zumbido. Dada a natureza individualizada dessa condição, ter mais uma ferramenta terapêutica no arsenal é uma excelente notícia.
Atenção: Embora os resultados sejam muito animadores, a pesquisa com laserterapia para zumbido continua evoluindo. Mais estudos são necessários para refinar os protocolos e entender completamente seus efeitos a longo prazo.
Conclusão: um passo gigante na luta contra o zumbido
Este estudo da USP e do Tyndall Institute representa um avanço significativo. Ele não só valida um mecanismo de ação para a terapia a laser no tratamento do zumbido (modulação da inflamação e aumento da irrigação), mas também reforça a laserterapia como uma opção terapêutica viável e promissora para pacientes que buscam alívio.
Se o zumbido afeta sua vida, converse com um profissional de saúde especializado (como um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo). Pergunte sobre as opções de tratamento e discuta se a laserterapia pode ser adequada para o seu caso.
A ciência está em constante movimento, e pesquisas como esta nos aproximam de um futuro onde o silêncio possa ser (re)conquistado por mais pessoas.
Acesse o artigo científico: https://www.mdpi.com/2075-4426/13/4/581
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